A comida carrega histórias, memórias e emoções que transcendem o ato de se alimentar. Quando falamos de idosos, esse aspecto emocional pode ser um poderoso aliado da saúde, segundo uma pesquisa recente da Universidade Estadual de Washington (EUA), que revelou que alimentos ligados a lembranças positivas não só estimulam o apetite, mas também ajudam a combater problemas graves na terceira idade, como desnutrição, perda de apetite, dificuldades de mastigação ou digestão e alterações no paladar.
O poder das memórias no prato dos idosos
O estudo analisou 81 participantes acima de 60 anos, submetidos a diferentes opções de café da manhã e sobremesas. Além de avaliar preferências, os pesquisadores investigaram quais alimentos despertavam memórias afetivas. O resultado foi revelador: comidas associadas a momentos felizes eram mais aceitas e consumidas com maior prazer.
Entre os pratos que mais evocavam memórias felizes, destacaram-se: queijos e pudins — geralmente ligados a momentos familiares; biscoitos caseiros — que remetiam à infância; e o churrasco, que fora citado espontaneamente como lembrança afetiva marcante.
Por que alguns alimentos “confortam” mais?
A explicação vai além do paladar. Comidas afetivas, muitas vezes ricas em carboidratos e gorduras (como pães, massas e doces), ativam a liberação de serotonina e dopamina — neurotransmissores ligados ao bem-estar. Mas o que realmente importa é o significado emocional por trás delas:
Uma torta de maçã pode remeter às tardes na casa da avó; um caldo de feijão, ao cheiro da cozinha da infância. Essas memórias não só estimulam o desejo de comer, como também reduzem a resistência a alimentos nutritivos quando preparados de forma familiar mais afetiva.
Como usar a comida afetiva a favor da saúde dos idosos?
A comida afetiva pode ser usada a favor da saúde de várias formas, como recriar pratos que marcaram a história do idoso, adaptando-os às necessidades nutricionais – por exemplo, versões menos açucaradas de sobremesas. Outra forma é incentivar a participação no preparo, mesmo que apenas na supervisão, estimulando o apetite e a conexão com a comida. Priorizar apresentações bonitas e aromáticas também ajuda, pois ativam memórias positivas mais facilmente.
A ciência comprova: comida é afeto, identidade e saúde. Em um mundo onde a nutrição de idosos muitas vezes se resume a cálculos de proteínas e vitaminas, pesquisas como essa lembram que o prazer de comer é parte essencial do bem-estar dos idosos.
Que tal resgatar uma receita que conte a história de quem você ama? Às vezes, a felicidade pode estar no sabor de uma memória feliz.